terça-feira, 26 de abril de 2016

Dificuldades do Celíaco no Brasil

O Brasil nos testa até ultrapassarmos os nossos limites!

A pessoa que usa transporte público pensa:"Por quê eu fui nascer pobre? Para ter que ir pendurado no ônibus e espremido no metrô todos os dias demorando 3 horas no trajeto do trabalho/casa?

O deficiente, mediante tantas dificuldades se pergunta revoltado: - "Por quê eu fui nascer assim?"

O doente se maldiz por ter ficado nesta condição porque muitas vezes demora um ano para agendar uma consulta médica no Posto de Saúde Pública.

O celíaco por sua vez fica indignado porque se quiser comer alimentos sem glúten tem que passar boa parte da vida na cozinha ao invés de curtir a vida. Anda cansado e muitas vezes passa fome na rua por não ter lugar para comer.

Pensemos: "será que os países desenvolvidos são assim?" 

Nos Estados Unidos e em tantos outros países o transporte público funciona de forma que até o rico tem o hábito de utilizá-lo. Portanto, usar esse tipo de transporte diariamente não traz revolta às pessoas.
Será que um deficiente na Alemanha se revolta por ser deficiente? Não. Porque lá ele tem o seu direito de ir e vir garantido. Ele não depende das pessoas para quase nada porque o país foi pensado em acessibilidade para os portadores de necessidades especiais.
Será que na Austrália, na Argentina, no Uruguai, nos EU e nos países da Europa as pessoas se revoltam por serem celíacas? Ficam o tempo todo na cozinha? Tem que ficar explicando o que é doença celíaca para todo mundo todos os dias? Tem que levar uma mochila de comida para onde vai porque não tem lugar para comprar um lanchinho sem glúten? A resposta é NÃO!!!
Sabe porquê? Porque ser celíaco é normal. Assim como ser deficiente, como ser diabético, andar de transporte público, etc... Todos são normais e têm o seus direitos garantidos e preservados.

O que estou querendo dizer com isto é que o nosso problema não está em ser celíaco e sim no subdesenvolvimento do nosso país. Na falta de investimento do Governo em baixar os impostos para as empresas que trabalham com produtos sem glúten. Aliás, baixar impostos? O que isto quer dizer num país como o nosso onde o governo nos rouba na cara larga e no final das contas eles aumentam os nossos impostos para cobrir o rombo? Me sinto naqueles filmes onde a rainha má aumenta cada vez mais os impostos e a população fica cada vez mais na miséria.

Você pode estar se perguntando: - Mas o que a celíaca tem a ver com aspectos políticos?
Na minha opinião, tudo! E isto é porque os celíacos que vivem em países desenvolvidos não tem um terço dos problemas que temos aqui. Assim como o cadeirante não tem um terço dos problemas que os deficientes tem aqui no Brasil e por aí vai...
Os nossos problemas são típicos de um país atrasado onde não se pensa coletivamente, em prol da sociedade. Não é a doença celíaca meu caro, é o Brasil!

É inimaginável uma pessoa na Argentina ter que levar uma mala enorme de comida quando sai para passar o dia num parque. Sabe por quê? Porque lá eles vendem pizza e outros lanches aptos para celíacos. A oferta de produtos sem glúten em vários países é muito, mas muito maior que no Brasil. Os valores são os mesmos ou muito próximos dos produtos que tem glúten. As pessoas tem educação celíaca de forma que todos sabem o que é ser celíaco e o que é contaminação cruzada. 
No Texas (Estados Unidos), tem escolas que não deixam nenhum criança levar alimentos que contenha leite, amendoim e glúten. Os pais respeitam as regras, os amiguinhos aprendem o respeito e a coletividade desde pequenos e todos crescem felizes e educados! Isto ocorre em várias escolas em todo o país.
Aqui no Brasil, encontro várias futuras pedagogas nas palestras em que ministro sobre Doença Celíaca dizendo que é só colocar a criança celíaca para comer separado e tudo bem. Encontramos diretoras de escolas que não aceitam crianças celíacas dizendo que não se responsabilizam pelo bem estar desta criança.
Gente, em que país nós estamos?
Em pleno século XXI vivemos como primatas e ainda temos muito que avançar.

Enquanto isto quem sofre são os nossos filhos... E eu me pergunto: Será que um dia isto vai mudar? Será que realmente estamos construindo um futuro ou estamos patinando no mesmo lugar?
Enquanto eu não tenho a resposta, me resta sonhar em proporcionar um futuro onde a minha filha possa se sentir "normal" e neste momento eu só sei dizer que este futuro não está aqui no Brasil. Pelo menos, não num futuro próximo.
Acontece que e ela não pode esperar. Ela precisa de mudança já!!!

Portanto, da próxima vez que você reclamar de ser celíaco, pense nisso: o problema não é você, não é a doença. O problema é o país onde você mora!


















Celíaca x Sociedade

Quero deixar aqui a minha opinião a respeito das dificuldades que os nossos filhos passam com a celíaca. 
Para mim, devemos tudo à falta de investimento em educação por parte dos nossos governantes. Vou explicar: um país que investe em educação tem um povo informado e civilizado. O que é um povo civilizado? É um povo que tem tolerância, sabe respeitar o outro e, sobretudo, sabe conviver em sociedade. É um povo educado e que tem o hábito de ler e se informar sobre os mais adversos assuntos. É um povo que se abre para o diferente.
No nosso país as pessoas não leem, não se informam e cada vez mais tem demonstrado a falta de tolerância, o desrespeito e a falta de educação. Pessoas assim apontam, falam mal, são ignorantes. E quem sofre? Os nossos filhos, os deficientes, os negros, os pobres e àqueles que não são ditos como "normais" para a sociedade. Em países desenvolvidos onde as pessoas tem acesso a educação existe igualdade, inclusão social, acessibilidade e o respeito ao próximo. Claro que perfeição não existe, mas muitos países estão anos luz à nossa frente tanto em termos de civilidade quanto em termos da celíaca. Por isso, acredito que se morássemos num país melhor os nossos filhos não sofreriam tanto em termos de desrespeito da sociedade (ignorância e falta de conhecimento de professores, diretores de escolas, padres, pastores de igreja, parentes, amigos, e por aí vai). 
Penso que a nossa vida seria mais fácil. Noto isso quando converso com mães de celíacos que moram em outros países. Muitas vêm passear no Brasil e através do meu blog enviam mensagens perguntando onde podem se alimentar, onde podem comprar e percebem que a nossa realidade é muito difícil e atrasada. Sim, vivemos num país atrasado. 
Eu acho que não é a condição celíaca que é difícil - penso que é a estrutura de um país atrasado que não nos proporciona a facilidade que deveríamos ter por direito, para que então pudéssemos encarar esta intolerância com mais leveza. ‪#‎porumpaismelhor