Milena era uma menina supersimpática e gentil. Na escola,
sempre estava rodeada de amigos. A sua melhor amiga, Sofia, também era bem
popular. Ela fazia balé, natação e na corrida, ninguém a alcançava!
Certo dia, a professora passou uma tarefa em grupo:
- Meninas, vocês irão formar um grupo de quatro pessoas para
fazer um trabalho, e nele, contar por quê você são felizes. Anotem os motivos e
a partir daí façam uma peça de teatro. A melhor apresentação irá ganhar nota
dez!
Todos na sala de aula ficaram agitados e os grupos logo
foram se formando.
Milena e Sofia se uniram e chamaram Vitória e Eduarda.
- Meninas, quando chegarmos nas nossas casas, vamos anotar no
nosso caderno por quê somos felizes e amanhã cada uma de nós vai ler para
montarmos a peça.
No dia seguinte, as meninas se reuniram e Milena começou a
ler uma lista interminável do porquê ela era uma garota feliz. Da mesma forma
fizeram Sofia e Vitória.
Quando chegou a vez de Eduarda, ela disse:
- Eu não anotei nada! – e logo começou a chorar.
As meninas se entreolharam assustadas e logo Sofia disse:
- Eduarda, não precisa chorar só porque você não fez as
anotações. É só escrever agora!
E ainda em meio às lágrimas, Eduarda disse:
- Sabe o que é, meninas, eu não anotei nada porque eu não
tenho motivo para ser feliz.
- Como assim? – responderam juntas, as outras três amigas.
- É simples. Vocês são felizes porque não tem problemas.
Daí, fazem amizade com todo mundo e são superconhecidas na escola. Mas eu tenho
vários motivos para ser triste: eu não posso tomar leite, nem comer nenhum
alimento que tenha lactose, como doce de leite, por exemplo. E ainda por cima
eu tenho osteoporose e sinto muitas dores no meu corpo – por isso eu nem me
animo a praticar nenhum esporte. – respondeu Eduarda enxugando as lágrimas.
- E daí? – perguntaram as três amigas num só coro.
- Então você não tem nada mais de bom na sua vida? –
perguntou Milena. – Você não tem pai, mãe, uma casa e roupas confortáveis para
vestir?
Sofia então, aproximou-se da amiga e disse:
- Eduarda, você sabia que eu não posso chupar balas nem pirulitos
porque eu tenho alergia a corantes alimentícios? Até os meus bolos tem de ser
com chantily branco porque eu tenho alergia a todos os corantes.
- E eu que tenho asma e sinto falta de ar? – comentou
Vitória. – Eu faço o uso de bombinhas e faço inalação quase todos os dias e nem
por isso deixo de praticar esporte. Eu faço natação e isto ajuda a melhorar a
minha asma.
Eduarda ficou olhando aquelas meninas que pareciam ter uma
vida perfeita e foi quando Milena sentou-se ao lado dela e disse:
- Amiga, por acaso você sabia que eu sou celíaca e tenho
osteoporose?
Eduarda olhou a amiga sem acreditar no que estava ouvindo.
É isso mesmo! – continuou Milena. Eu não posso comer bolos,
pães, biscoitos, pizzas nem nada que contenha glúten. Se eu for chupar uma bala
eu tenho que ler se contém glúten ou não porque se eu comer algum alimento com
glúten, me faz muito mal. E osteoporose eu passei a ter a pouco tempo e muitos
dizem que está ligado à celíaca. Eu sinto dores no corpo, mas justamente por
isso é que eu tenho que praticar muito esporte. Por isso eu faço balé e
natação. Quanto mais parada eu ficar, pior para mim.
Naquele momento, Eduarda começou a perceber que aquelas
amigas de classe que lhe pareciam tão perfeitas, também tinham problemas, mas
que nem por isso elas eram tristes. Pelo contrário, elas eram superpopulares na
escola, participavam de todas as atividades e estavam sempre alegres.
Puxa, meninas, eu pensava que vocês não tinham problemas,
mas sabe que vocês tem razão? Eu tenho a minha família, meu cachorro Pingo,
meus avós, meus primos e vocês, que são amigas maravilhosas. Eu sou feliz! –
disse Eduarda, abrindo um lindo sorriso.
As quatro garotas se abraçaram e naquele dia, Eduarda fez
uma lista enorme de vários motivos os quais a tornava uma menina feliz.
No dia da apresentação, as quatro amigas foram vestidas de
fada e quando iniciou o teatro, cada
uma deu um passo à frente, e disse o porquê era feliz.
Quando chegou a vez de
Eduarda, com a varinha de condão nas mãos, ela começou a dançar como uma fada e
dizer:
- Eu tenho vários motivos para ser uma fada feliz: eu tenho
um quarto de fada, tenho brinquedos que só uma fadinha tem, tenho uma
professora linda, que mais parece uma fada e até os meus dentinhos que caem, é
uma fadinha que recolhe e deixa dinheiro debaixo do travesseiro para mim. Sim,
eu sou a fada mais feliz do mundooooo!
A sua empolgação era tão grande que a menina conseguiu
contagiar toda a turma da sala e logo, todos começaram a aplaudi-la de pé.
A professora ficou muito feliz e deu nota dez para o grupo
dela.
As quatro garotas se abraçaram cheias de alegria e daquele
dia em diante, Eduarda já não era mais uma garota triste e emburrada, pois ela
sabia que, o que não faltava era motivos para ser feliz!
Autora: Erivane de Alencar Moreno