sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Entrevista com Dr. Hugo Werneck


Em 2011 realizei uma entrevista com o Dr. Hugo - médico que diagnosticou a DC em minha filha no ano de 2009.


Doutor Hugo Lacerda Werneck Junior, médico associado do Colégio Brasileiro de Cirurgiões  e especialista em gastroenterologia pela Federação Brasileira de Gastroenterologia.
 
  
Dr. Hugo, já ouvimos falar que a DC pode apresentar-se num indivíduo sem que necessariamente tenha hereditariedade. Isto é possível?
Não. Todos os pacientes celíacos carregam consigo a alteração genética da doença celíaca (HLA-DQ2 ou HLA-DQ8). Virtualmente todas as pessoas que não possuem  esses genes não desenvolverão a doença.

 
Porque alguns celíacos são mais sensíveis do que outros?
Como em qualquer doença, a intensidade da inflamação ou alteração varia enormemente de pessoa para pessoa. Isto é, a mesma doença pode atingir várias pessoas de forma diferente e intensidade variável. Além disso, existe a sensibilidade individual que é um dado subjetivo e difícil de avaliar.

Após o diagnóstico da doença celíaca, qual profissional é aconselhável a procurar para iniciar o segmento da dieta?
A doença celíaca é acompanhada por um gastroenterologista e por um nutricionista. O primeiro vai corrigir as deficiências nutricionais adquiridas e solicitar exames regularmente e o segundo vai orientar a dieta, que é a chave do tratamento.

Suplementos para recuperar a mucosa e flora intestinal são indicados para os recém diagnosticados?
A mucosa começa a se regenerar assim que se retira o glúten da dieta. Com a normalização da mucosa a absorção vai voltando ao normal. É um processo lento e espontâneo. Só indicamos suplementos para corrigir deficiências nutricionais, como cálcio, ferro,etc.

A DC tem alguma relação com  hérnia umbilical e trombose?
Não existe relação entre hérnia umbilical ou trombose e doença celíaca.

A doença celíaca tem correlação com a tireoidite de Hashimoto e síndrome de Noonan. Além destas já descritas, quais outras doenças autoimunes a DC se relaciona?
Existe uma associação estatística da doença celíaca com o diabetes tipo I e a síndrome de Down.

Uma mãe celíaca com filho menor de 1 ano de idade deve introduzir o glúten na vida do bebê com quantos meses? É aconselhável fazer algum exame para saber se o filho é celíaco ainda quando bebê? Se positivo, quais os exames?
A dieta normal deve ser introduzida a partir dos seis meses. A princípio, não é necessário fazer nenhum exame a menos que a criança apresente algum déficit no crescimento ou algum sintoma que chame a atenção. A partir dos cinco anos de idade pode-se pesquisar o anticorpo anti-endomísio (ou anti-transglutaminase) a cada cinco anos. Se positivo indica-se a endoscopia digestiva com biópsia.

Fala-se em testes de vacinas para DC. Qual a sua opinião a respeito?
A curto prazo não existe nenhuma possibilidade de termos uma vacina, mas futuramente é possível. Acredito que seja uma alternativa viável no futuro.

No Brasil, quanto tempo em média demora-se para se detectar a DC?
Em geral existe uma demora considerável até chegar-se ao diagnóstico da doença celíaca. Calcula-se que este tempo pode variar de 5 a 8 anos (nos adultos). Porém esta é uma constatação encontrada também nos Estados Unidos e países da Europa. Com a maior conscientização da classe médica e da população sobre a doença, a tendência é que esse intervalo diminua consideravelmente.

Existe uma estimativa de quantos celíacos há hoje no Brasil?
Não existe estudo preciso, mas há estimativas que aqui no Brasil a doença acometa um em cada 300 ou 500 indivíduos.
Mesmo seguindo a dieta sem glúten o indivíduo pode ter problemas relacionados a outras doenças, tais como: hipoplasia de esmalte dental?
A resposta à dieta sem glúten é individualizada. Cada indivíduo tem o seu grau de acometimento da mucosa e a sua velocidade de resposta. Não existe um padrão rígido. Infelizmente, existem até aqueles que não apresentam melhora clínica mesmo após aderir à dieta.

Entrevista por: Erivane de Alencar Moreno
 


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