terça-feira, 21 de agosto de 2018

Viagem pelo Nordeste do Brasil

Inicialmente fomos para Paraíba - em João Pessoa. De lá, vimos que uma grande amiga morava somente a 100Km de distância, já em Pernambuco - então fomos visitá-la. Com mais duas horas chegaríamos em Maragogi- Alagoas. E no meio do caminho poderíamos visitar Porto de Galinhas para matar um pouco a saudade.

No retorno, passamos em Cabo de Santo Agostinho.
Ao chegar em João Pessoa, resolvemos ir para Natal no dia seguinte, pois já havíamos estado lá logo que a nossa filha havia sido diagnosticada celíaca e estávamos com saudades.
Então eu vou descrever abaixo a nossa aventura gastronômica sem glúten por estes lugares.

JOÃO PESSOA

Peguei uma relação de lugares sem glúten para ir, mas quando cheguei lá, a maioria fazia somente por encomenda, ou seja, não eram estabelecimentos comerciais abertos ao público para visitarmos.


RESTAURANTE MANGAI
Um dos poucos restaurantes indicados no blog de uma celíaca era o MANGAI. Este é um restaurante de comida regional onde os atendentes ficam vestidos a  de cangaceiros - um lugar bem bacana e que tem fila de espera, porém, eu detestei atendimento.
Logo na entrada fui conversar com uma atendente sobre o glúten e de cara muito fechada ela me respondeu: "- Tem pouquíssima coisa sem glúten, mas tem."
Entramos e a comida era servida num buffet por kilo - self service. Dentre os mais de 20 pratos, tinha arroz ao queijo coalho, feijão verde, buchada de bode, feijoada, dadinhos de tapioca, feijoada, carne de sol e por aí vai.... Após 20 minutos de espera a nutricionista chegou e vimos que só poderíamos comer a panqueca a qual a massa é feita de crepioca.
Tinha um buffet enorme com doces maravilhosos, mas não havia um doce se quer que pudéssemos comer.
NOTA 5


CAMILA - MILA SEM GLÚTEN
Fui então a um dos endereços da minha relação e chegando lá era uma casa. Mas era simplesmente a casa da presidente do Grupo dos Celíacos da Paraíba, seu nome é Camila.
Muito simpática e gentil me deu todas as dicas da cidade de Jampa e me disse que realmente não existem muitas opções por lá. Ela fica no bairro Bessa.
Encomendei um empadão com recheio de frango, um pão e um bolo mesclado de baunilha e chocolate. Tudo estava divino!!!
NOTA 10



BOUTIQUE SAUDÁVEL
Na esquina da casa da Camila, tem uma loja bem pequena estilo a Mundo Verde que vende produtos sem glúten. Não tem muita coisa, mas dá para se virar.
Vende brownie, bolinho de macaxeira, fatia de bolo, pão de forma congelado.
NOTA 9

BAMBU RESTAURANTE - Bairro Manaíra
Este era um dos únicos restaurantes 100% sem glúten de Jampa (João Pessoa), no bairro Manaíra. Chegamos felizes para almoçar, mas a dona nos atendeu e disse que justo naquele dia havia fechado o restaurante para fazer uma festa para uma família celíaca. Eu perguntei se ela manipulava algo com glúten e ela disse que não. Perguntei se usava farinha a granel e ela garantiu que não.


DELÍCIAS DA ANINHA - BAIRRO DE CABO BRANCO
Todos os dias às 18h abre o Parque do Cabo Branco, onde tem vários food trucks e, dentre eles, o da Aninha. Ela faz marmita lowcarb e bolo no pote com creme de castanha de caju que parece leite condensado. Uma delícia! Pena que não vende mais nada e eu enjoei de tanto comer marmita low carb.
NOTA 9

Vou te passar alguns roteiros que fizemos para você saber o que levar.

Fomos em algumas praias do litoral Sul: praia Barra do Gramame, praia do Amor e praia Jacumã. Pela manhã eu fiz macarrão e misturei com a marmita lowcarb da Aninha (frango com bacon e falso queijo feito com castanha de caju). Montei uma térmica com esta marmita para o almoço e biscoitos para passar o dia.






A noite fomos comer novamente no Parque do Cabo Branco, 2.522. Tinha um food truck que servia batata suíça de lombo. Conversei e era tudo temperado somente com sal. Então comemos uma batata suíça.






PRAIA BELA
Realmente é uma das praias mais belas da Paraíba, mas foi onde recebemos um dos piores atendimentos!
Sabe aquelas praias que possuem estrutura com vários restaurantes? Este lugar é assim, e, pasmem! Nenhum dos restaurantes tinham microondas para aquecer a comida da minha filha. Disseram que fritavam a batata frita e a macaxeira em óleo separado. Mentira, porque veio com sabor de peixe. Não tinha como nos alimentarmos e então decidimos ir embora às 13h.





RESTAURANTE CANOA DOS CAMARÕES - BAIRRO TAMBAÚ
Fica na orla próximo à feirinha de artesanato.
Atendimento excelente! Eles têm anotado no cardápio os pratos que contém glúten, os que não contém glúten, os que tem glúten e lactose. Gostei muito! Comemos camarão na moranga e camarão grelhado. O camarão empanado tem glúten.
NOTA 9 (o restaurante é 10, mas como não tem o camarão empanado sem glúten e nenhuma sobremesa, não é perfeito!)




SORVETERIA ZOBELI - MESMA CALÇADA DA CANOA DOS CAMARÕES
O dono é italiano e faz os sorvetes artesanalmente. Me disse que não coloca malte em nenhum sorvete e que o único que tinha glúten era o de cookie. Tomamos sorvete de doce de leite e de avelã.
NOTA 10



PORTO DE GALINHAS
Na rua principal, já próximo à praia, ao lado do Bar Macaxeira, tem uma sorveteria a qual possuem tabela de alérgenos. Tomamos sorvete de tapioca e doce de leite.




MARAGOGI
Exceto o Resort Salinas, não tem restaurante e nada sem glúten!
É um lugar tão bonito e que tem tantos estrangeiros, porém, uma cidade sem qualquer infraestrutura em termos de tudo o que você pode imaginar!
Ficamos numa pousada mega simples (a única com vaga para um final de semana). A gerente me deixou usar a cozinha para fazer a refeição da minha filha. Na mala eu levei ruffles, biscoitos, pão e margarina. No café da manhã tomamos suco e pedimos tapioca (eles faziam na hora a tapioca com queijo).
Ao acabar de tomar café eu fui para a cozinha e lavei bem uma panela que estava novinha, por sinal, e fiz o macarrão da minha filha. Eu não usei o  escorredor de macarrão porque sabemos que por mais que lavemos ainda fica com resquícios de glúten. Comprei carne moída no mercado e molho de tomate e fiz um molho à bolonhesa. 

Na região de Maragogi, vende uns biscoitos feitos na cidade. Ele é feito com fécula de mandioca, ovos, açúcar e leite de coco. Vi em vários blogs de viagens de celíacos que este biscoito não tinha glúten. No entanto, logo após consumir a minha filha se contaminou e teve diarreia. Ficou com a barriga muito inchada! Depois eu pesquisei na cidade e vi que existem várias marcas. Acredito que uma pessoa criou os biscoitos e ele ficou famoso. Então outras pessoas começaram a fazer igual, portanto, temos que ver bem a marca que devemos comprar e a originalidade da receita.

Vista do quarto da Pousada

Amanhecer às 5h30


PISCINAS NATURAIS DE MARAGOGI
O barco saiu às 6h40 da manhã. Eles avisam para levar alguma coisa para comer, pois não vendem nada durante o passeio.
Levei uma térmica com: sucos de caixinha, ruffles e pão com margarina.
O passeio acabou às 8h30. 






                                                                            Praia de Antunes - Maragogi/AL
Chegamos na pousada às 10h e fomos tomar um bom café da manhã. Eu havia comprado papel alumínio e cobri os dois lados da sanduicheira com ele, coloquei pão de fôrma com frios e aqueci. Ficou ótimo! Eu havia comprado um brownie sem glúten e sem leite em João Pessoa e então a minha filha tomou um ótimo café da manhã!
Às 11h saímos da pousada de Maragogi e retornamos para João Pessoa. No caminho, passamos em Cabo do Santo Agostinho. As praias são maravilhosas, mas não passamos o dia em nenhuma delas. Só fomos visitar o local.
Na cidade de Santo Agostinho tem um mercado grande e lá eu comprei atum e maionese. De lá, fomos para um shopping que fica na estrada e na praça de alimentação eu preparei um atum bem gostoso para comermos com pão - a minha filha amou! Este foi o nosso almoço!










NATAL - RIO GRANDE DO NORTE
Ficamos na Pousada Mirador, no Morro do Careca. Pousada/flat, tem quartos bem grandes e uma mini cozinha com microondas, pia e fogão elétrico. Achei ótimo!
Comprei aqueles pratos prontos da Sadia - estrogonoff. Muito prático é só aquecer e pronto!
Para o café da manhã eu havia levado na mala o pão de fôrma, margarina, o bolo mesclado de baunilha e chocolate que havia encomendado da Camila, em João Pessoa e biscoitos. 






RESTAURANTE CAMARÕES
Em Natal nós comemos também no Camarões. A minha filha não gosta de camarão, então ela pediu fritas com tirinhas de filé mignon. O atendente conversa com o chefe e ressalta a importância de tomar o máximo de cuidado na preparação do prato. Eles têm pratos com camarão que são sem glúten também. Não tem nenhuma sobremesa sem glúten. O restaurante é ótimo, a comida é maravilhosa, mas não tem camarão empanado sem glúten. Eu deixei sugestão para fazerem isto e eles responderam o meu e-mail muito educadamente.
NOTA 9 (o restaurante é 10, mas como não tem o camarão empanado sem glúten e nenhuma sobremesa, não é perfeito!)


CASA DE TAIPA - TAPIOCARIA
Também não estão preparados para nos atender.
Os dadinhos de tapioca são fritos no mesmo óleo onde são fritos alimentos com glúten. A minha filha queria uma tapioca com brigadeiro. O atendente garantiu não ter glúten - eu não confiei. Meu marido foi conversar com a dona do restaurante e aí sim, confirmou qual o chocolate usavam - é um da Nestlé que não contém glúten. Mas eu não fiz o pedido antes de confirmar.
NOTA 8







CUIDADOS

Em João Pessoa pedi uma tapioca de frango. Veio o filé de frango frito dentro da tapioca.
A minha filha pediu uma tapioca americana, a qual veio ovo frito dentro da tapioca.
São formas muitos regionais de se fazer um tapioca. Em São Paulo, a tapioca de frango é com o frango desfiado. A americana é o ovo cozido e linguiça picados e a mussarela derretida. Pergunte antes como é feito, qual o tempero utilizam, etc.

Em Natal quando saímos para dar um passeio na orla, à noite, no Morro do Careca, a maioria dos lugares que faziam tapioca também faziam crepe. Então nestes lugares não temos como comer tapioca.
Na orla do Morro do Careca eu não encontrei nada que pudéssemos comer. Nem mesmo uma sorveteria! Achei a estrutura fraca! Portanto, leve muitas guloseimas na sua mala!

Dadinho de tapioca

Cansada de querer comer esta gostosura e só encontrar lugares que fritam no mesmo óleo onde são fritos alimentos com glúten, eu resolvi fazer em casa.
Se eu soubesse que era tão fácil eu teria feito há mais tempo.

Receita

Tapioca granulada 250g
Queijo de Coalho 250g
Leite quente 500ml
1 pitada de Sal cerca de 8g mas pode variar de acordo com o sal do queijo
500 ml de óleo – para fritar
COMO FAZER:
Rale as 250 gramas de queijo coalho e reserve. Misture o queijo ralado e a tapioca, quando o leite estiver bem quente, junte-o, mexendo sempre para não formar grumos. Tampe com um plástico filme e leve à geladeira por 4 horas ou no freezer por uns 40 minutos.
Corte em quadrados e frite no óleo bem quente.

Eu servi com melaço. Você pode servir acompanhado de pimenta ou algum molho de sua preferência


Silvia Jevev e seu filho Emanuel




Silvia é uma mãe que batalha pelos direitos dos celíacos.
Mãe de Emanuel (6 anos e celíaco) e com vários problemas na escola onde o seu filho estudava, Silvia percebeu que já não adiantava mais conversar. 
Tanto a equipe pedagógica quanto os pais dos alunos, além de sua própria família, a achava neurótica com os cuidados do filho.
Silvia percebeu que necessitava de amparo legal. Foi onde resolveu procurar a Câmara Municipal de Cuiabá para verificar a possibilidade de criar um Projeto de Lei para assegurar os direitos de seu filho. A história chegou ao vereador Luís Cláudio de Castro Sodré (PP), o qual a convidou para falar na Tribuna Livre da Câmara.

Em agosto de 2017, surgiu a "Lei Emanuel Jecev", aprovada na Câmara Municipal de Cuiabá.
Esta lei visa oferecer treinamento para qualificar os servidores das escolas municipais para que estejam aptos a reconhecer a criança que necessita de cuidados especiais em razão da doença celíaca.
A Silvia, carinhosamente concedeu uma entrevista para o nosso blog.
Emanuel foi diagnosticado aos 3 anos de idade. Iniciamos a dieta assim que saiu o diagnóstico. Aprender a cozinhar não foi fácil...  Muita coisa jogada no lixo, mas levei tudo com diversão para não me frustrar.  Tentei ao máximo envolver Emanuel nos preparos e assim nos divertimos juntos e, com todo este envolvimento tornamos tudo mais leve e o mais normal possível para todos nós.

No primeiro ano escolar do Emanuel não foi fácil. Eu fui a mãe do celíaco exagerada, louca, que queria o filho numa bolha, foi bastante complicado. O meu filho Emanuel foi negligenciado e deram uma massinha de modelar com glúten para que ele pudesse brincar e isto fez com que ele passasse mal, não foi fácil este período. Nesta antiga escola, o meu filho se contaminou algumas vezes.

Hoje, na nova escola unimos informações - família e escola; e com tudo isto fizemos a parceria perfeita para o Emanuel. Somos acolhidos, respeitados, compreendidos e qualquer dúvida a escola me procura para fazer qualquer tipo de adequação caso seja necessário.
Como diz Emanuel:  “- Nesta escola eu sou igual a todos!” 
Esta é a certeza de que a nossa parceria está tendo o melhor resultado para o aluno.


Nesta nova escola, as suas refeições são realizadas dentro de sala de aula com todos os alunos juntos, porém, cada um sentado na sua carteira.  Após o lanche eles saem para o intervalo e neste período entra a equipe de limpeza para fazer a higienização da sala e limpeza. Em relação ao comportamento, ele abraça não só os amigos como toda equipe escolar. Quanto ao beijo nós seguimos a orientação de que beijar não é o adequado já  que não sabemos se os amigos comeram glúten.



O meu filho faz os exames anuais que a celíaca exige e acompanhamento com  uma nutricionista. Já que ele também é renal faz tratamento e, conforme a necessidade, faz troca alimentar a qual está associada a vários fatores para manter o bom funcionamento renal. Não fazemos uso de qualquer medicação.


Durante cerca de dois anos o meu filho teve algumas outras restrições alimentares, hoje, apenas ao glúten.



O meu conselho para as mamães é para que tenham calma! Pode parecer loucura ou o fim do mundo, mas ver o seu filho recuperado de muitos quadros de doenças inexplicáveis, vê-lo saudável e se alimentando de forma adequada para sua condição faz com que esqueçamos qualquer diagnóstico! Aprendemos a lutar, ensinar, viramos agente informativo sobre a condição celíaca e descobrimos qual a nossa missão no mundo. Amor e paciência vence qualquer barreira. Ver nosso filho saudável é o mais importante.

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Cuidados na Escola

Muitas mamães têm perguntado sobre quais os cuidados que devem ser tomados em relação a alimentação de seus filhos celíacos nas escolas.
Antes de tudo eu quero dizer que as crianças celíacas podem e devem levar uma vida normal nas escolas. Isto inclui brincar, fazer educação física, ter o afeto dos amiguinhos e fazer as refeições na mesma mesa e as atividades em sala de aula junto às demais crianças.

As crianças que são alérgicas ao glúten não podem nem se quer sentir o cheiro de algo com glúten porque já passam mal, tem reações na pele e correm o risco até de fechar a glote. Por este motivo evitam ser tocadas e ao menor contato com o glúten tem muitas reações.

No entanto, crianças celíacas não são alérgicas ao glúten e por isto, é muito importante diferenciar estas duas classes.

Além da saúde física, temos que zelar também pela saúde mental e emocional de nossos filhos. Se o seu filho têm reações mesmo com os cuidados citados abaixo, você terá que perceber se a equipe pedagógica está colocando em prática todas as suas orientações. Muitas vezes "o furo" na dieta não se dá aumentando os cuidados e sim, corrigindo os já existentes.
Exemplo: já vi muitos casos de crianças às quais as mães juravam de pés juntos que não comiam glúten na escola e achavam que teriam que aumentar os cuidados. Com o passar do tempo descobriu que o filho pegava um pedaço minúsculo do lanche do amiguinho e a professora não via.
Criança que fazia tudo certinho, mas que usava o batom da amiga que havia acabado de comer glúten na escola.
Criança que coloca muito a mão na boca e vive se contaminando.
Já as crianças que não possuem o hábito de levar as mãos à boca não tem tantos problemas.
Portanto, temos aqui muitas variáveis e por isto este texto é somente um norte para que você saiba como lhe dar na escola de seu filho.
Para mim e centenas de outras mães, funcionou. Se não funcionar para o seu filho, veja o que pode estar saindo de errado para corrigir e desta forma, garantir o bem estar de sua criança na escola.

Assim como inúmeras outras mães eu acompanho a minha filha em ambiente escolar, desde quando descobrimos a celíaca (aos 2 anos e meio de idade).

Hoje, em 2018, ela está com 11 anos de idade. Sempre tomei todos os cuidados que a celíaca exige e anualmente ela faz os exames de acompanhamento da celíaca e está ótima de saúde. Por este motivo é que eu trago o meu relato para que você, mãe, perceba que o seu filho pode e deve ter uma vida normal na escola.


Em primeiro lugar você deve saber dar a "Educação Celíaca" ao seu filho.
É mais ou menos assim: você educa o seu filho de acordo com os seus valores, correto? Diz ao seu filho para ser educado, não responder, não comer de boca aberta, não mexer no que é dos outros, etc.. 
Na educação celíaca, você terá que ensiná-lo:

1. O que é a celíaca (mesmo crianças pequenas conseguem entender que se comerem o que não devem terão dor e ficarão doentes).
2. Em hipótese alguma poderão aceitar se quer uma bala de outras pessoas
3. Tudo o que lhe derem ele deverá pedir à professora para ler o rótulo (se contém glúten ou não contém).
4. Não poderá comer o lanche dos amiguinhos, mas poderá dividir o dele com os outros quando você mandar a mais.
5. Mesmo em festas, ele sempre levará o lanche dele (salgadinhos, bolo e docinhos), e só poderá comer algo da festa se você disser que ele pode.

A criança que pega escondido o lanche do amigo, que ainda não entendeu ou não aceitou bem a dieta, que tem o hábito de levar as mãos à boca, que tem desejo de comer o lanche do amigo e não aceita que onde quer que for sempre terá a sua alimentação separada, não tem a educação celíaca.
Se for necessário, leve-a a um terapeuta nutricional/psicólogo e sempre o eduque em casa.
Criança com Educação Celíaca sabe se cuidar sozinha. Eu digo isto porque desde os 3 anos de idade a minha filha nunca pegou uma bala na escolinha sem antes perguntar se tinha glúten para a professora. E quando não tinha nada escrito, a professora colocava um bilhete na agenda e mandava a bala. Eu pesquisava e se pudesse eu dava. Caso o contrário eu explicava e ela entendia perfeitamente.
Se o seu filho souber se cuidar desde cedo, você não terá tantos problemas.

Vamos então falar sobre algumas condutas na escola:

1. Hora do Lanche
O seu filho deve lanchar à mesa junto com os demais amigos, pois isto fortalece os laços de amizade. A ACELBRA sempre me ensinou isto desde que descobrimos a celíaca e, depois de um tempo, estudando pedagogia eu realmente tive esta certeza.
Ele irá se contaminar? Depende. 
Vamos lá: dependendo da idade e da educação celíaca de seu filho, ele terá que ser acompanhado neste momento pela professora./assistente.
Desde os 3 anos de idade a minha filha sempre tomou cuidado até com os farelos de glúten, porém, sabemos que nem todas as crianças são assim.
Normalmente a criança leva uma toalhinha e coloca o lanche dela em cima e come. Orientando bem a professora/assistente, ela deverá ficar de olho para que o seu filho ainda pequeno, não pegue o lanche do amiguinho e para que os demais não invadam o espaço de seu filho com farelos e pedacinhos de lanche com glúten.
No dia em que você mandar alguns pedaços de bolo a mais, aí sim, o seu filho poderá dar aos amigos. 
Explique que as frutas ele pode pegar dos amigos caso estes ofereçam.

2. Hora do almoço
A minha filha sempre levou a refeição de casa. A professora colocava na geladeira e na hora do almoço, aquecia no microondas. Ela comia dentro do próprio pote que levava. Eu não a deixava comer no prato da escola porque eles eram de plástico.
Aqui tem uma coisa que você precisa entender: muitas mães acham que pratos, talheres e copos estão todos contaminados! Não é bem assim!
Utensílios de plástico e de madeira tem alta aderência e neste caso, mesmo depois de lavá-los eles podem conter resquícios de glúten. Já os utensílios de vidro, porcelana, metal, não tem aderência e após lavados eles estão limpos.
Caso o contrário, teríamos que levar panelas, pratos, copos e talheres por onde quer que formos e não poderíamos nem tomar um copo de água na casa de outras pessoas.

   Já outras mamães entram em acordo com a escola e eles preparam a refeição sem glúten separadamente. Bem, se você tiver a certeza de que eles não irão mexer o macarrão da sua filha com a mesma colher que mexerão o macarrão com glúten que estiverem fazendo para as demais crianças, tudo bem. Eu particularmente não confio e por isto, sempre mandei as refeições da minha filha e ela só aquecia na escola. Entretanto, se você confiar, ok!

3. Hora da aula de arte
Sabemos que muitas marcas de massinha de modelar contém glúten. Então compre a mais (umas 4 unidades ou mais) para que o seu filho possa brincar com os demais amiguinhos. Muitas vezes as professoras dão atividades em dupla, ou trio e a criança que leva a sua massinha sem glúten fica sozinha. Converse com a professora e diga que quando surgir uma atividade em dupla ou grupo, ela poderá dar a massinha sem glúten para o grupo em que o seu filho estiver e assim todos brincarão e compartilharão da mesma massinha.

5. Preciso encapar a mesa e a cadeira que o meu filho senta na escola?
Como eu sempre digo, eu relato aqui "a minha" experiência e digo que nunca foi necessário. A equipe escolar sempre tomou muito cuidado. No entanto, muitas crianças já se contaminaram devido a escola não realizar direito a higienização. Então vale a pena conversar.

6. E se algum amigo comeu glúten, pode abraçar e beijar o meu filho?
Impedir alguém de demonstrar tamanho afeto ao seu filho só irá gerar problemas psicológicos na vida dele. Milhares de celíacos pelo mundo viajam a trabalho, estudam e conhecem pessoas e, de acordo com as culturas, normalmente damos as mãos e beijinhos no rosto. A celíaca não é aquele tipo de doença onde você tem que se isolar de outras pessoas e só tocá-las se elas lavarem as mãos antes. 

7. As demais crianças estão comendo salgadinhos e sem lavar as mãos estão brincando de pega-pega ou na piscina de bolinhas. Como fica o meu filho celíaco?
Vale o que dissemos no item anterior. Você não pode impedir o seu filho de brincar e nem exigir que a professora lave a mão de todas as crianças toda vez que comerem alguma coisa com glúten. 
O ideal é orientar que todos sempre lavem as mãos, tanto por questão de higiene quanto pelo fato de terem comido glúten, porém, nem sempre é possível.
Nós, celíacos, tomamos ônibus, pegamos metrô, corrimãos, maçanetas de portas, enfim. O ideal é que a equipe escolar sempre oriente os alunos a higienizarem as mãos.

8. Festas de aniversário na escola
    Peça para a escola criar uma regra onde os pais terão que avisar com antecedência de no mínimo, 1 semana, para você ter tempo de preparar ou de comprar as coisas que o seu filho levará na festa do amiguinho. E como dissemos no início desta matéria, ensine-o a não comer, em hipótese alguma, nada do que for servido na festa. Caso os pais do amiguinho disserem que os docinhos não contém glúten, converse bem com os pais antes e certifique-se de que realmente o seu filho poderá comer e, neste casso, avise o seu filho que os docinhos estão liberados. Avise também a professora para que não corra o risco do seu filho pegar o docinho e a professora tirar da mão dele dizendo que tem glúten. Comunicação é tudo!

9. Aulas de Culinária
Eu fiz uma parceria com a escola e em todos os anos em que houve aula de culinária, as professoras só faziam receitas sem glúten. Eu enviei mais de 50 receitas, entre salgadas e doces, e quando precisava de algum ingrediente que elas não sabiam onde comprar, eu enviava para a escola.

10. Como incluir o seu filho
Converse com a ACELBRA do seu Estado e veja se eles têm os gibis da ACELBRA. Leve alguns para a escola e peça para a professora ler para a turminha do seu filho. Assim, eles aprenderão o que é a celíaca, o que é o glúten e quais os cuidados deverão ter. Aqui no blog também tem as histórias infantis que eu faço para as crianças, tais como: O Famoso EduardoA Garotinha CindyRapunzel e sua FamíliaA Casa de DocesA Branca de Neve CelíacaEduarda e seus problemas, dentre outras. Imprima e peça para a professora contar aos alunos. Você também poderá imprimir várias cópias e pedir para a professora colocar na agenda das crianças para os pais lerem para os seus filhos em casa.

Por fim, para que o seu filho tenha sucesso na escola e seja bem acolhido por todos (professores e colegas), três coisas são muito importantes:

1. Educação celíaca - o seu filho sabendo se portar em todas as situações, te economizará 50% de preocupação. Caso o contrário, você sempre terá muitos problemas porque terá que supervisionar à distância todas as ações do seu filho e isto é muito difícil.  
2. Diálogo - a mãe que briga com a escola e que faz exigências sem noção, como por exemplo, não deixar ninguém beijar o seu filho e colocá-lo para comer separadamente, ao invés de abrir caminhos, estará criando confusão. O diálogo e o respeito abrem portas. Além disto, é necessário estudar a celíaca e saber como se portar para não fazer exigências absurdas para as escolas. No entanto, como citado acima nesta matéria, se o seu filho além de celíaco for alérgico ao glúten, aí sim você terá que aumentar os seus cuidados.
3. Parceria - ao invés de somente exigir e cruzar os braços, ajude a escola a incluir o seu filho socialmente. Tente enviar o material descrito nesta matéria (gibi ou histórias infantis), mande receitas sem glúten, de vez em quando faça um bolo e mande um pedaço para a professora. Quando puder, faça lanche a mais e mande para o seu filho distribuir para os melhores amigos. Seja parceira da escola e desta forma você estará abrindo portas para o seu filho e incluindo-o socialmente.

E não se esqueça de fazer os exames anuais em seu filho! A relação dos exames está aqui no blog. Exames anuais
Se tudo estiver correndo bem é porque a sua conduta está correta. Caso o contrário, reveja no que você pode estar errando e qual poderá ser a fonte de contaminação cruzada.
Sobretudo, saiba que cada criança tem a sua particularidade. Se em algum momento você perceber que ele necessita de maiores cuidados, converse com a equipe pedagógica, médico, nutricionista e consulte a ACELBRA de seu Estado.

Veja a cartilha da FENACELBRA: Criança Celíaca Indo para a Escola


**Nossa História**

Olá! Sou a Erivane de Alencar Moreno, mãe da Amanda!
Vou lhe contar um pouco da nossa jornada neste mundo sem glúten.

A minha filha nasceu saudável e linda! A partir dos 9 meses de idade começou a sempre ficar doentinha. De 15 em 15 dias eu estava com ela no hospital. Ela tinha muitas crises de sinusite e de bronquite. Tomava antibiótico por 10 dias e ficava bem por mais 10 dias. Então vinha outra crise, febre e a infecção aumentava de forma que ela  tinha que tomar antibiótico novamente. Teve verruga nas mãozinhas por 3 vezes, anemia e sempre muito constipada.
Desde que aprendeu a falar, todos os dias (eu disse, todos os dias), ela dizia: "Mamãe, barriguinha dodói!" 
Quando ela tinha 1 ano e 3 meses eu pedi demissão na empresa onde trabalhava para  cuidar dela. Até então ela não frequentava a escolinha - ficava em casa com uma moça maravilhosa que cuidava dela. Então como não tinha contato com outras crianças e era superbem cuidada eu não entendia o por quê de estar sempre tão doente.
Na época eu pensei: - "Vou descobrir o que a minha filha tem, cuidar dela e voltar a trabalhar."
Comecei então o meu "tour" médico. Agendei consulta com gastropediatra, pneumologista, alergista e por aí vai...  Ela fazia exames e nunca dava nada e todos os médicos me diziam que ela não tinha nada demais... Era coisa de criança e que logo passaria.
No entanto, cada vez mais ela se queixava de dores abdominais. Eu ficava olhando para a minha filha e notava a sua magreza e a barriga enorme, que mais parecia uma barriga d'água. Ela tinha uma dificuldade muito grande para ganhar peso e a cada dia que passava ficava mais constipada (não fazia cocô). Além disso, descobrimos que ela tinha refluxo oculto e meses depois a intolerância a lactose. Entretanto, mesmo tratando e não dando leite de vaca, os sintomas persistiam.
Bem, a minha vida era com ela no hospital, ora no Pronto Socorro fazendo inalação e tomando inúmeros remédios e, dentre eles, antibióticos que são altamente nocivos para o organismo, ora em consultas para tentar descobrir o que ela tinha.
Após levá-la a todos os gastropediatras que constavam no meu livrinho da assistência médica e em vários médicos particulares que as pessoas me indicavam, além de ser chamada de neurótica por muitos membros da família e por uma médica, os quais diziam que a Amanda não tinha nada, eu resolvi iniciar a minha pesquisa por conta própria, pois coração de mãe não se engana e eu sabia que ela tinha alguma coisa.
O meu marido e a minha filha iam dormir e eu ia para o computador. Lá eu ficava até as 3h da manhã. Fiz esta mesma rotina por meses... Mandei e-mail para vários médicos, conversei com inúmeras pessoas e lí diversos artigos, até que encontrei um artigo sobre a doença celíaca.
Fui a um médico (gastro) que só atendia adulto, mas que mediante o meu desespero de mãe, aceitou atender a minha filha que na época tinha dois anos. Entrei no consultório com uma pilha de exames que ela já havia feito, coloquei em cima da mesa dele e disse: - "Doutor, eu tenho quase certeza que a minha filha é celíaca."
Ele pediu todos os exames e a endoscopia com a biópsia. Para resumir, foi então confirmado a DOENÇA CELÍACA.
Com dois anos e meio de idade ela tinha o peso de uma criança de 1 ano. A sua altura nunca foi afetada.
No dia seguinte da confirmação da DC, em setembro de 2009, ela iniciou a dieta sem glúten. Desde então, NUNCA MAIS ela se queixou de dor de barriga e automaticamente começou a ganhar peso. Parou de ficar doente e de tomar antibióticos e o seu intestino passou a funcionar regularmente.
Um ano após a dieta ela repetiu a endoscopia com a biópsia e as vilosidades do intestino estavam 100% recuperadas.
Levei as lâminas para o Dr. Ulysses Fagundes Filho, gastro, professor e reitor da UNIFESP, o qual diagnosticou o primeiro celíaco no Brasil, e, pessoalmente ele as analisou e me disse o seguinte:

- Primeira endoscopia (realizada em 2009): as vilosidades estavam da escala 4 de Marsh (escala vai de 0 a 4). 
Segundo ele, se existisse uma escala de número 5 ou mais ela se encaixaria, porque as vilosidades do intestino estavam totalmente atrofiadas e por pouco eu não perdi a minha filha. Disse ainda, que em quase 50 anos de profissão dedicados à doença celíaca, ele nunca havia visto uma criança de apenas 2 anos e meio ser diagnosticada numa escala tão alta.

- Segunda endoscopia 1 ano após a dieta sem glúten (realizada em 2010): escala 0 de Marsh. 
Intestino totalmente saudável e recuperado. Segundo o doutor Ulysses, ele também nunca havia visto uma pessoa ser diagnosticada na escala máxima de Marsh se recuperar em apenas 1 ano de dieta sem glúten. Normalmente leva-se de 2 a 3 anos para total recuperação das vilosidades intestinais. Esta recuperação tão rápida foi fruto de muito empenho para que não houvesse contaminação cruzada.

Desde então, eu comecei a estudar sobre a celíaca e aprender a cozinhar sem glúten em minha casa.

Tínhamos um grupo no Orkut por nome de Viva Sem Glúten. Éramos em poucas pessoas e ali estudávamos e nos ajudávamos.
Fui uma das primeiras pessoas a dar aulas de culinária sem glúten, em São Paulo. Passei a entrevistar médicos especializados em DC (as entrevistas estão aqui, neste blog).
Desde 2011 eu faço o Dia das Crianças Sem Glúten, em São Paulo,  e ajudo as mamães cujos filhos acabaram de ser diagnosticados.

Em 2014 eu criei o grupo Criança Celíaca, no Facebook e também publiquei o livro O UNIVERSO DA CRIANÇA CELÍACA.
Neste blog eu conto várias experiências às quais tivemos em viagens, escolas, festas, etc.

Hoje, após 10 anos neste mundo sem glúten e ao ver a minha filha crescendo, super inteligente e saudável, o meu conselho é:

1. Não crie o seu filho (a) numa bolha. Você irá ouvir muitas coisas durante a sua jornada, mais saiba que é perfeitamente possível ter uma vida social ativa, ir à festas e viajar pelo mundo, mesmo sendo celíaco. 
Dizem que a nossa missão como mãe é ensinar os nossos filhos a voarem. Então está em você a força de dar a asas e ensiná-lo a voar!

terça-feira, 14 de agosto de 2018

E nas excurões da escola, o que fazer?

O que normalmente é uma alegria para a maioria das mães, pode representar uma grande preocupação para àquelas que tem filhos celíacos.
Passar o dia na Chácara Encantada com a turma da escola... O que o meu filho irá comer? Piquenique num Parque... O que o meu filho levará? Como se alimentará junto às demais crianças?
Estas e outras questões podem surgir e deixar você, mãe, atordoada!
Mas não se apavore! Não há nada que não possa ser solucionado com uma boa conversa!

Segue abaixo as experiências que tive (e ainda tenho) com a minha filha nestes eventos:.

1. LIGAÇÃO
Ligue para o lugar onde a escola fará o passeio e pergunte o que será servido.
Se o seu filho não tem problemas em comer um cardápio diferente do que for servido, então, mande o que você quiser.
Mas se você acha que ele irá ficar com vontade de comer a mesma coisa que os demais amigos, então procure mandar um cardápio parecido.

Ex.: Certa vez a minha filha foi para uma excursão com a escola passar o dia todo. Então eu liguei no local para saber o cardápio. Seria servido:

Café da Manhã

Pão com manteiga
Rosca doce
Pão de Queijo
Broas de fubá
Bolo mesclado (chocolate e baunilha)
Leite e chocolate

Almoço

Macarrão pene com molho sugo
Frango a passarinho
Arroz
Feijão
Carnes variadas
Saladas

Então eu mandei o seguinte cardápio SEM GLÚTEN para a minha filha:

Café da Manhã

Pão de queijo
Pão sem glúten que eu fiz em casa, com margarina
Pedaço de bolo de cenoura
Leite de arroz chocolate

Almoço

Espaguete ao molho
Carne assada

Mandei tudo numa mala térmica com uma etiqueta:
ALUNA DO COLÉGIO ........., ALTAMENTE ALÉRGICA AO GLÚTEN. FAVOR NÃO MEXER!

Eu coloco "altamente alérgica" e não "celíaca" porque ninguém sabe o que é celíaca. Escrevendo altamente alérgica, as pessoas têm medo e já imaginam a criança toda vermelha, inchada, sem ar e quase morrendo! Isto é bom porque eles tomam cuidado!
Quando eu estou junto à ela, eu faço questão de explicar e, se possível for, eu levo um gibi da ACELBRA que explica melhor o que é a celíaca, porém, quando eu não estou junto, ajo desta forma.

2. ORIENTAR A PROFESSORA

Conversei com a professora e entreguei a mala com as refeições na mão dela. Pedi que ela conversasse com o pessoa da cozinha e colocasse a mala térmica dentro da geladeira e ressaltasse que não era para ninguém mexer. Na hora do almoço, a própria professora aqueceu a refeição da minha filha em pote fechado, no microondas e entregou para ela comer.
Pronto!

Pode até dar um pouco de trabalho em ter que ligar no local e se informar sobre o cardápio, mas nada que uma ligação não resolva!
Assim você ficará tranquila e saberá que o seu filho comerá de forma segura e poderá brincar e passar um dia inesquecível junto aos seus amigos!

Portanto, nunca deixe de mandá-los para as excursões! Inclusão é tudo!

segunda-feira, 4 de junho de 2018

Hospedagem em Flat/Apartamento

Na minha opinião, uma das melhores maneiras de um celíaco realizar uma viagem é se hospedando em um hotel/flat. Nestes locais, temos toda a estrutura para cozinhar: fogão, geladeira, microondas, forninho, utensílios, etc.

Sendo assim, fiz um guia para vocês de como eu ajo quando me hospedo nestes lugares.

1. Na mala, eu sempre levo:

- 3 panos de prato (um para enxugar as mãos e outro para enxugar as louças)
- Esponja para lavar louça
- Pote pequeno com sal
- 1 kg de arroz parboilizado com saquinhos individuais
- 1 pacote de macarrão sem glúten
- leite de arroz (porque não é em todo lugar que encontro para comprar)
- Pote de plástico pequeno para colocar a comida

2. Chegando no Flat:

Mesmo estando tudo limpo, eu costumo fazer o seguinte:

- Tiro 3 pratos, 3 copos, 3 xícaras, 3 garfos, 3 facas, 3 colheres e lavo tudo.  (Um para cada um - somos eu, meu marido e a nossa filha)
Enquanto eu lavo, fervo água e depois enxáguo com água fervente. Seco com o pano de prato que eu levei e deixo separado dos demais utensílios, pois estas serão as louças que usaremos o tempo que ficarmos hospedados.
Esta rotina de limpeza é boa tanto pelo fato de retirar qualquer resquício de glúten, quanto pela higienização em si (eu gosto de tudo limpinho), e também porque não vou ficar lavando uma porção de louça durante as minhas férias. 
- Vejo sempre as condições das panelas. Tem lugares onde as panelas são praticamente novas. Desta forma, eu lavo e também fervo água dentro dela. Caso o contrário, eu vou a um mercado ou lojinha e compro uma panelinha de 20,00 para usar.
- Também vejo as condições do forninho e do microondas. Dou uma limpada e, tudo o que aqueço neles é sempre tampado, para não correr o risco da contaminação.
- Não uso colher de pau, nem pote de plástico e nem tábua de carne.

3. A primeira coisa a se fazer:

Procuro um mercado próximo ao flat (aliás, antes da reserva eu já procuro saber se existe mercado próximo). Então eu compro o básico para passar a semana:

- uma margarina Becel (sem leite) pequena
- sucos, refrigerantes e água
- frios (vejo a marca e se o local é seguro para comprar)
- latas de atum
- ervilha e milho em lata
- molho de tomate
- frutas (em pequena quantidade)



4. Durante a hospedagem

Eu não fico cozinhando o tempo todo, porque afinal de contas, também quero curtir as minhas férias. Então, nada de fazer pratos elaborados. Sempre compramos latas de atum, milho e ervilha. Com isto, fazemos uma salada bem gostosa e comemos com arroz.
Outro prato que eu acho prático é o macarrão. Eu sempre levo o macarrão sem glúten na mala e o preparo nesta panelinha higienizada. Uso somente uma panela durante a hospedagem. 
Agora, se você quiser fazer fritura (fritar um bife ou um filé de frango), ou fazer feijão, etc... Aí você irá precisar de mais panelas. 
Eu não fico fazendo verduras e legumes durante as nossas viagens, porque isto ocupa tempo (lavar, higienizar, preparar). Como a minha filha come muitas verduras e legumes em casa, eu dou uma folga para ela durante o período da viagem, pois vejo que neste momento, tenho que prezar pela praticidade.

5. Usando o forninho

Já fiz pão de queijo, assei batatas e pizza. Mas, além de lavar bem a fôrma, eu a forro com papel alumínio e também cubro com papel alumínio. Certa vez, fiquei hospedada em um local, fora do Brasil, onde o forno do fogão era terrível de tanta sujeira! Neste caso, eu não tive coragem de usar nem mesmo cobrindo a fôrma.

6. Torradeira e Sanduicheira

Eu nunca usei estes dois utensílios, mas vale ressaltar que é possível. Mas, para isto, você tem que redobrar o cuidado!

- Na sanduicheira: forre bem com papel alumínio (na parte de cima e de baixo), e coloque o pão dentro.
- Na torradeira, embale o pão com papel alumínio.

É muito importante que o pão não tenha contato com estes utensílios que costumam ficar cheios de glúten.

7. Café da manhã

Quando estamos em casa, sou eu que faço os pães sem glúten.
Para as viagens, eu compro pães de marcas seguras, os quais não precisam ser refrigerados, como Schar, Beladri, etc.
Na mesa do café da manhã, mesmo estando com toalha limpa, eu forro o local onde a minha filha vai comer, com o pano de prato que eu levei na mala, assim, não existe riscos de um farelo de pão que ainda persiste ficar numa toalha eventualmente mal lavada, ir cair na barriga da minha filha.
E então tomamos o nosso café da manhã com o pão sem glúten, margarina ou frios, frutas, suco, omelete, biscoitos. É quase um café da manhã de hotel e que não dá trabalho nenhum para fazer! É tudo muito rápido e prático!

Aproveito e preparo os lanches para a minha filha passar o dia. Pode ser pão com frios e frutas.

Para o almoço, tenho as seguintes opções:

- macarrão com molho (pode ser ao sugo ou a bolonhesa)
- arroz com salada de atum

Coloco tudo numa térmica e normalmente às 8h já saímos para aproveitar o dia.

Muitas vezes, visitando novos lugares, nós encontramos uma loja com produtos sem glúten. 
Certa vez, comprei mini discos de pizza. Chegamos no flat à noite e o nosso jantar foi pizza sem glúten, às quais eu assei na fôrma forrada e coberta com papel alumínio. Ficaram crocantes e deliciosas!
Numa outra vez, encontrei uma loja Mundo Verde e, comprei torradas da Schar, Chegando no flat, eu coloquei mussarela em cima e levei ao forno. Foi um jantar delicioso!

Vale ressaltar, que antes da viagem eu também sempre procuro restaurantes onde possamos nos alimentar. Em alguns lugares, temos sorte de encontrar lugares 100% sem glúten, mas em outros, não. Nestes casos, é possível sim fazer uma refeição. Existem cozinhas regionais aqui no Brasil com muitas coisas feitas à base de mandioca, fritadeiras separadas e tempero natural (sal, alho e cebola). Já comemos carne de jacaré no Mato Grosso, escondidinho de mandioca em Porto de Galinhas, camarão grelhado com tirinhas de tapioca em Maceió e uma deliciosa parilla em Buenos Aires. 
Converse sempre com o dono ou gerente do restaurante e faça questão de elogiar se o atendimento for bom.
Lugares em que os funcionários têm cuidados com o celíaco, é muito importante elogiarmos para sempre termos tais lugares como ponto de apoio quando estivermos viajando.

Quando temos estes restaurantes, os quais costumo chamar de "ponto de apoio para o celíaco", eu acabo nem cozinhando no flat/apartamento. 


Viajar é maravilhoso!
Não deixe de viajar por ter um filho(a) celíaco(a). Conhecer lugares e outras culturas, é muito enriquecedor para o ser humano. Não limite o seu filho de viver esta experiência!
Boa viagem!


Autoria: Erivane de Alencar Moreno