terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Fases da vida de uma criança celíaca

Analisando o comportamento da minha filha, bem como o de seus amigos, eu vou aos poucos entendendo como a criança se comporta em cada fase da vida. Sendo assim, cheguei à seguinte conclusão no que diz respeito à educação alimentar:

Se você tiver um filho celíaco de 0 a 3 anos de idade
Nessa fase a criança não percebe muito o que se passa ao seu redor, no que diz respeito a alimentação. Se você tiver o bom hábito de alimentá-la de 3 em 3 horas e ela não passar fome, o que você der ela irá gostar e dificilmente pedirá outra coisa. Por exemplo, quando todas as crianças se reunirem para comer numa festa de aniversário, se você der os alimentos que tiver levado, ela vai comer e sair correndo para brincar. Não terá muita percepção de que as demais crianças estão reunidas para comer alimentos diferentes do dela. Neste período torna-se mais fácil atrair a atenção da criança para outras coisas para que o seu foco não seja somente a comida e dentro deste princípio, o que você der, se for gostoso, ela ficará satisfeita.

Se você tiver um filho celíaco de 3 a 7 anos de idade

Nesta fase, e a cada ano que se passa, a criança fica cada vez mais atenta ao que acontece à sua volta. Por isso, eu, como mãe, entendo que é necessário dar todo o suporte à essa criança no que diz respeito a alimentação e isto envolve em comprar ou tentar fazer parte do mesmo cardápio que é servido em festas. Exemplo: se nas festas de aniversário são servidos salgadinhos (coxinha, bolinha de queijo, risólis), é comum que a criança queira comer os mesmo salgados junto aos seus amigos. Se a família for comemorar um aniversário numa pizzaria, é óbvio que a criança também irá querer comer pizza e não uma papinha ou um prato de arroz e feijão, como quando tinha 2 dois anos de idade. Isto chama-se inclusão social.
Numa festa de aniversário na escola, onde são servidos salgados e o bolo, se o seu filho levar o lanche de todo dia, além de ficar com vontade de comer salgadinhos ele se sentirá excluído socialmente.
É óbvio que existem limitações, pois sabemos que é humanamente impossível fazer exatamente o mesmo cardápio das festas que seu filho participa, mas o básico como salgadinhos, pão de queijo, bolo e docinhos, isso não é tão difícil e pode ser feito e congelado por meses, não exigindo a preparação de cada prato a cada festa que surgir.
Portanto, eu acredito que para as famílias que ignoram a necessidade da criança se sentir incluída socialmente nesta fase da vida, veem os seus filhos muitas vezes burlando a dieta e é nesse momento que muitos pais e mães se perguntam o por quê disto estar acontecendo.
Muitos pais não compartilham desta ideia, imaginando que desde pequenos os filhos devem comer o que se tem à disposição porque a vida de um celíaco é difícil e eles são obrigados a entenderem isto desde a sua primeira infância.
Particularmente, eu não concordo, pois entendo que se nesta fase da vida a criança não tiver o suporte necessário, isto poderá acarretar traumas e revoltas, além de um sentimento de inferioridade diante das demais crianças.
Outro ponto é a regra básica de etiqueta. Vejo crianças que quando vão à casa de amigos e familiares ou mesmo à festas, chorarem porque querem comer o que está sendo servido. Isso poderia ser facilmente resolvido se os pais tivessem o hábito de servir um lanche antes de saírem de casa. Quando o celíaco (seja criança ou adulto), chega de barriga cheia a um evento, a vontade de comer um prato sem glúten diminuí e mesmo quando a vontade surge ele se vê capaz de resistir a tentação. No entanto, quando a criança sai de casa com fome, tudo o que ele vê lhe é irresistível e é nesse momento que muitas choram, não porque querem exatamente àquele prato sem glúten, mas sim porque estão com fome. Então se você criar o hábito de alimentá-lo antes de ir às festas e incutir a ideia de que vamos aos eventos para fazermos amizade, brincarmos e conversarmos, a alimentação passará a ser secundária na vida dele.

Se você tem um filho de 7 a 10 anos de idade

A partir desta idade a criança passa a ter noção de mais coisas que possamos imaginar, e uma delas, é entender as limitações que você, mãe, tem no seu dia a dia. Teve uma festa de última hora? Converse francamente com o seu filho explicando que você não tem como fazer determinado alimento igual para levar e ele entenderá perfeitamente. Não tem salgadinho? Faça uma torta ou se não tiver tempo, leve um lanche com frios. Não tem os docinhos? Combine com o seu filho previamente e leve o doce que puder. Já diz o antigo provérbio que o combinado não sai caro. Esta fase, como qualquer outra, exige muito diálogo. Falar da sua correria, das limitações em relação ao tempo, dinheiro, enfim, com uma boa conversa a criança é capaz de entender muito mais do que possamos imaginar e se sentirá feliz e grata com o que você fizer por ela.

Opiniões alheias
 
Quem não tem filhos com restrições alimentares jamais poderá ser um parâmetro para sabermos como agir com os nossos filhos em relação a alimentação. Portanto, é muito comum ouvir de tais pessoas que estamos protegendo muito as nossas crianças.
O meu conselho é para que você ignore tais comentários, pois somente nós sabemos tudo o que envolve o universo de uma criança celíaca e a dificuldade em saber que por mais que façamos, nunca será o bastante, pois ainda que elaboremos um cardápio similar ao que é servido numa festa, o deles sempre será diferente. Por este motivo é que o suporte da família se faz tão necessário não somente nesta, mas principalmente nesta fase da vida deles, que ainda estão engatinhando e, aos poucos aprenderão caminhar com a suas próprias pernas por este caminho tão árduo, que é o da vida livre de glúten.

Autoria: Erivane de Alencar Moreno


OBS.: Ressalto que às dicas que dou às mamães e papais de celíacos são fruto das experiências que adquiri ao longo dos anos junto à minha filha que foi diagnosticada celíaca aos dois anos e meio de idade. Portanto, tudo o que posto neste blog, não tem por finalidade, jamais, tornar-se uma regra à ser seguida pelas famílias de crianças celíacas.

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