segunda-feira, 14 de julho de 2014

Porto de Galinhas-PE

Em julho/14 fomos a Porto de Galinhas.
Um dia antes da viagem eu passei boa parte do tempo na cozinha preparando pães, tortas e bolos para levar na viagem.
Ficamos numa Pousada onde só tinha o café da manhã. Me deram acesso para aquecer o pão, esquentar o leite de arroz no microondas e conversando com jeitinho, até me liberaram a cozinha para eu fazer o almoço da minha filha, caso necessitasse.
Como mãe precavida, eu gosto de deixar tudo acertado antes da viagem: onde iremos fazer as refeições, os restaurantes que nos darão respaldo nas cidades em que iremos estar, etc. Mas nem sempre é possível prever tudo.
Porém, como simpatia gera simpatia, uma boa conversa com um toque de jeitinho brasileiro são capazes de abrir portas por onde quer que formos.
Após sentir como seria o tratamento em alguns restaurantes, me dirigi ao Barcaxeira - um restaurante que fica quase em frente à praia do centro de Porto de Galinhas.
Lá, encontrei um grande ponto de apoio para os dias que se seguiriam.
Levei macarrão sem glúten e eles prepararam o macarrão da forma que solicitei, atentando-se a todas as normas para que não houvesse contaminação cruzada. O molho já não era possível provar porque leva temperos com glúten, mas como a minha filha não gosta de espaguete ao molho, não tive problemas.
Eles possuem uma fritadeira somente para batatas e há pratos infantis, porção de purê de batatas, de arroz com brócolis e a grande pedida é o purê de macaxeira. Se você não tiver intolerância a lactose, prove! É a especialidade da casa!
Você também pode pedir para embalarem a comida que sobrou ou pedir para fazer um prato para viagem. A embalagem é uma marmita oval de isopor. Por vários dias eu levei comida para a Pousada, deixei no frigobar e aquecemos no dia seguinte para que a minha filha almoçasse.
Já na praia a dificuldade era maior porque o óleo usado para fritar macaxeira ou batata frita é o mesmo que fritam camarão a milanesa, entre outros pratos. 
Mais uma vez entra a boa conversa, a lábia e claro, o mais importante, que é a boa vontade alheia.
Fui feliz ao encontrar um restaurante à beira mar (não me recordo o nome, mas é o primeiro restaurante para quem chega do calçadão). Os dias em que passamos na praia, o Alexandre pedia para a Adriana (cozinheira), pegar banha sem reuso e colocar numa panelinha para fritar a macaxeira e batata frita da minha filha. Eu levava um lanche (pão com presunto e queijo) para o almoço, e ela comia junto com a macaxeira e batata frita, mais água de coco e muita água mineral e claro, sorvete. Muitos sorvetes da Kibon onde temos vários sabores que não contém glúten.
Quando chegávamos pela manhã na praia eu já procurava o Alexandre e ele anotava na comanda "menina que tem alergia, usar óleo novo", e entregava a Adriana. Eu acompanhava tudo e a minha filha teve dias felizes de sol e praia sem passar fome e o mais importante: sem se contaminar com o glúten.
O dia em que fomos à praia dos Carneiros, levei a marmita do Barcaxeira com macarrão e filé mignon. Assim que chegamos, pela manhã, conversei com o Ignaldo, gerente do restaurante local e ele deixou a marmita na geladeira e avisou a todos de quem era e do que se tratava. Após o passeio de catamarã pelo banco de areia e piscinas naturais, peguei a marmita, pedi para aquecerem no microondas e pedi uma salada de beterraba, alface e cenoura para acompanhar.
Resolvemos passar um dia em Recife e Olinda. Foi mágico! Mas confesso que em todo o período da manhã eu ficava pensando onde a minha filha iria comer, já que não pude levar a marmita porque passamos a manhã toda fazendo city tour e por isto eu não teria onde refrigerar a sua comida até o horário do almoço.
Fiz vários lanches de presunto e queijo, frutas e Ruffles para passar o dia.
Mas pouco antes do almoço, reencontrei uma grande amiga a qual sua filha também é celíaca e adivinha o que ela levou de presente para a minha filha? Biscoitos em formato de florzinha banhado com chocolate. A Amanda devorou os biscoitos!
Na hora do almoço, o guia nos levou a um restaurante por quilo. Quando adentramos no recinto, por acaso o chef de cozinha estava supervisionando os pratos e eu fui direto conversar com ele. Expliquei rapidamente sobre a restrição do glúten e prontamente ele disse o que ela poderia ou não comer. "O arroz pode, o feijão não porque colocamos tempero com glúten". A macaxeira (ah, sempre ela nos ajudando), era cozida e não frita e ela poderia comer. Todas as carnes tinham ou amaciante (que contém glúten), ou tempero com glúten. Ele disse: "Vou mandar grelhar um bife para ela numa frigideira limpa,", e rapidamente o bife chegou e a minha filha pode almoçar junto a mim tranquilamente.
No dia da nossa partida, enquanto a minha filha brincava no balanço da Pousada, eu estava na cozinha preparando o macarrão sem glúten. Peguei umas fatias de presunto e mussarela que havia sido servido no café da manhã e cortei em pedaços, derreti no microondas sobre o espaguete e a minha filha comeu feliz.
Já no aeroporto, no café da tarde, ela comeu pão de queijo da Casa do Pão de Queijo e no avião, como sempre, o seu lanchinho de presunto e queijo.
Embora o celíaco não tenha muitas opções de pratos em suas viagens, vale a pena poder passear, conhecer lugares novos e fazer amizades. Isto tudo é muito mais importante do que a gastronomia em sí.
Portanto o meu conselho é: não deixe de viajar por ser celíaco. Há um mundo cheio de riquezas naturais e culturais para se conhecer. E por onde quer que você vá, sempre encontrará pessoas legais e dispostas a fazerem do teu dia um dia inesquecível, livre de glúten e cheia de histórias boa para contar. 

                                              Amanda e Tarsila
Biscoitos sem Glúten que a Ivana Mello fez especialmente para a minha filha, Amanda.
                                          Amanda degustando os biscoitos.

Autora: Erivane de Alencar Moreno

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